Rurrenabaque deu me um gozo especial. Por duas razoes: em primeiro lugar porque e dificilimo chegar ca, e em segundo lugar porque teve um sabor a descoberta. Antes de chegar a este continente nunca tinha falado com ninguem que ca tivesse vindo. Descobri este lugar atraves do Lonely Planet mas, em verdade, nao e assim uma grande descoberta porque o Parque Nacional Madidi e um dos highlights da America do Sul. Pesquisei fotografias na internet e a informacao que se encontra desde Portugal nao e muita. Ao contrario da maioria dos destinos em que as vezes quase conseguimos fazer uma visita virtual, sobre Rurrenabaque pouco se encontra. Falei com os demais e a ideia ficou em stand by, ficamos de nos informar quando chegassemos a Bolivia, e foi o que fizemos e uma oportunidade boa surgiu e, felizmente, todos concordamos em ir o que as vezes nao acontece e nesse caso nao teriamos chegado a saber o que tinhamos perdido.
Como disse, nao e facil chegar a Rurrenabaque, vila a que decidiram chamar cidade onde as motas enchem as ruas com uma media de tres passageiros por media. Chegamos a ver uma familia de cinco pessoas na mesma mota, foi mais uma daquelas que ficou por tirar e que ficam na minha memoria.
Das duas uma, ou se apanha uma avioneta, a que decidiram chamar aviao, onde cabem apenas 18 pessoas, demora 45 minutos e que descola desde La Paz para depois comecar a descer rumo a Rurrenabaque sobrevoando os andes e a selva para finalmente aterrar numa pista de relva ou se apanha o autocarro que representa a viagem mais perigosa da Bolivia, 18 horas de sofrimento em estradas de terra e pedras com ravinas a espreitar a cada curva. Alem disto, so saem 3 voos diarios que em 30% das vezes sao cancelados porque de cada vez que chove e a relva se molha, perdem se as condicoes para aterrar em seguranca neste Aeroporto de um so edificio.
Aterrar em Rurrenabaque e como ser transportado para o cenario de um filme do Vietname, ou de uma novela brasileira com fazendas em que a riqueza se conta em cabecas de vaca ou ainda de um qualquer pais da africa que ainda nao conheci.
As duas atraccoes principais sao o pampas tour e o jungle tour, que foram confundidos, se nao estou em erro, com a pampa e selva argentina num dos comentarios. Nestas bandas, quando falam da pampas tour, tentam falar daquilo que os meus olhos viram e vos tentei mostrar da maneira possivel nas fotografias dos posts anteriores. Para nos tugas, aquilo ja e selva que chegue e, mais uma vez, sao precisas 3 horas num jeep muito desconfortavel para chegar a vila de Santa Rosa, onde se apanham os barcos que tipicamente pairam sobre o Yacuma.
Sao tres dias num campsite fabuloso, com camaratas para os mais poupados e cabanas duplas para os mais romanticos, com um spot de redes onde descobri as mil e uma posicoes de conforto duma rede e uma cozinha de onde saem autenticos manjares dos deuses. Foram os tres dias em que comemos melhor, a todas as refeicoes do dia.
Chega se a todo lado atraves do rio Yacuma, que me fez lembrar as imagens dos rios do pantanal brasileiro. Nas margens, animais de varias especies coabitam em harmonia: jacares, crocodilos, aves de varias especies, capivaras e macacos. Sao tres horas ate se chegar ao campsite onde um lanche agradavel e a surpresa do cenario nos espera.
Depois ha varias actividades: escutar o amanhecer da natureza e o ruido dos insectos e o cantar dos passaros e ver o nascer do sol, pescar piranhas e ir durante cinco horas procurar cobras e anacondas de botas ate meio da canela em riste para depois nos afundarmos ate ao joelho nos terranos pantanosas onde a natureza mandou que as cobras vivessem. Apanhamos duas e peguei nas duas, algo que nunca pensei fazer. Essa e uma das coisas boas quando estou a viajar, arrisco me a coisas a que normalmente nao me arriscaria. Quando o Domingos, o guia sobre o qual provavelmente mais tarde irei falar, se decidiu a noite a apanhar um jacare pequeno para o vermos de perto, jamais adivinharia que eu lhe pegaria. Um misto de panico e de excitacao que a pouco e pouco vai desaparecendo e dando lugar a mais tranquilidade, tanto do meu lado como do animal.
E assim se passam os dias em rurrenabaque, a descansar e a comer bem, a ver a natureza e a aprender o que ha para aprender com ela. A opcao que deixamos para tras, o jungle tour, consiste em ir para o parque nacional madidi, atraves do rio Beni. Neste, entramos ja na selva amazonica e a vegetacao e muito mais densa, assim como os mosquitos. Quando so se tem tres dias consegue ver se menos animais, mas quando se tem muitos encontra se os mesmos que em Yacuma e outros, como jaguares por exemplo. Para escolher basicamente fomos falando com pessoas que ja tinham feito os dois tours e a opiniao era unanime: para quem so tinha 4 dias para gastar, mais valia conhecer o Yacuma e deixar o madidi para uma proxima vez.
Se vos disser que tudo isto, voos e tour com 3 dias de alojamento, transporte e alimentacao incluida, custou 150 dolares, e se virem as fotografias abaixo, espero ter dito o suficiente para vos ter convencido a vir aqui quando estiverem pela Bolivia.
Se nao, voces e que perdem.
A Mariana faz hoje anos e para comemorar fomos ao melhor restaurante de Rurrenabaque jantar e beber copos. DEpois ainda demos uns passos de danca no club mais local onde ja estive, onde eramos os unicos turistas. Enganaram se a marcar o nosso voo pelo que so vamos embora amanha, dia 3. Ate la, vamos aproveitar o clima de VErao que ca se sente, numa piscina com vistaca para a cidade e aproveitar o dia em que a Mariana faz 22 anos para descansar.
De La Paz, apanhamos o autacarro para Potosi