quarta-feira, 5 de setembro de 2007


Bom presente de 22 anos, vista para Rurrenabaque e o sol a por se de lado
De menina (...)



(...) a mineira


Senti me estupido depois de me ver assim "mascarado" de mineiro para ir ver as suas vidas desgracadas.


Harder to breath

"We make sacrifices to the Devil, so he will not take our lives instead" , Mario Bravo, 1994
A refinaria
Os 3 alemaes que fizeram a visita connosco revelaram se uns idiotas. Estavam ali com a sua camerazinha Casio a filmar as suas peripecias sem o minimo respeito pelo que os rodeava, e queriam apenas fazer as coisas mais arriscadas, ir mais longe, brincar aos mineiros por um dia. Ver quem era o mais corajoso, rebentar dinamites la dentro, enfim.
Ao fim do nivel 1 desenrolou se o seguinte dialogo entre o Alemao Idiota numero 1 e o guia:
Pedro (Guia) (P): "Lets go outside so we can have time to see the refinary, ok guys?"
Alemao idiota nr 1 (AI): " But arent we going deeper?"
P: " No, we dont have that much time, but you`ve seen enough. After this is more or less the same, but more tight and the air is not that fresh anymore"
AI: "But our friends went deeper.."
(momento de silecio...)
AI: "Its no fun if we`re not going deeper"
Ai o guia cedeu a pressao e eu, demasiado irritado com a palavra "fun" no meio daquele cenario, nao aguentei:
"Do you wanna know whos the bravest one guys? Why dont you light the dinamite up your ass and see whos the last one to take it out?"
Nem eles nem o nao-espirito de grupo se foram pelos ares. Eram tao estupidos que provavelmente acharam piada a ideia.

O panico, como ele e


terça-feira, 4 de setembro de 2007

Minas de Potosi

"A visit to the cooperative mines is demanding, shocking and memorable". By Lonely Planet

Ainda nao sei o que dizer desta frase. Ir a estas minas e o comprovar da teimosia humana, do querer a forca ver com os proprios olhos. Ja sabia que eram impressionantes as condicoes em que aquela gente trabalha todos os dias, ja sabia que ia ter de rastejar em zonas estreitas, ja sabia que me ia custar a respirar. Mas mesmo assim fui. Como ja sabia, e vim a comprovar, nao e uma visita agradavel e quando cheguei ao nivel 3 jurei para nunca mais e desejei nunca ter entrado. Seis pasadas de terra para dentro do carrinho chegam para se ficar cansado e quando o suor nos comeca a escorrer pela cara o desconforto aumenta porque nao ha como limpa lo sem o misturarmos com terra e po.
Enfim, mais uma vez, nao nos chega ouvir o que nos contam. Nao aprendi nada de novo dentro daquelas minas, apenas o testemunhei com os meus olhos e com a minha respiracao mais ofegante. Era necessario? Nao sei. Provavelmente quando um de voces estiver em Potosi ha de ir as minas e, provavelmente, ha de pensar que nao valia a pena terem entrado, que podiam ter confiado no que ja vos tinham dito.
Nao o facam se forem claustrofobicos. Eu nao sou nada mesmo mas quando ja estava enfiado muito la para dentro comecei a pensar de demais, o que ali tao confinado e tao dentro da terra nao e a melhor ideia.
Mesmo indo apenas ao nivel 1 vale a pena fazer a visita, ate porque nao e muito caro.
Acho incrivel que ainda trabalhem pessoas naquele mundo, onde nunca e dia nem nunca e noite, mas fazem no por opcao, ao menos nao sao obrigados.

Ver a agua escorrer me castanha pelo corpo durante o duche e saber que aquela e a ultima vez que tenho de limpar aquela sujidade de mineiro e um alivio enorme.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Felizmente nao choveu e conseguimos chegar a La Paz, ainda com tempo suficiente para dar umas voltas pela cidade e visitarmos melhor o mercado negro e o mercado das bruxas antes de apanharmos o autacarro para Potosi.
Depois de Potosi e de Sucre, vamos passar tres dias no salar de Uyuni e de Sao Pedro de Atacama passamos directamente para Santiago, onde vamos visitar a xampas que la anda a fazer erasmus e onde espero ainda ter tempo para ver Valparaiso.
Depois sao 4 dias em Buenos Aires and its over !

Ainda faltam 15 dias de viagem mas tenho alguma pena de ja conseguir ver o fundo do tunel.

Tenho saudades do Domingos, o nosso guia em Rurrenabaque. Ele nem era um gajo de muitas palavras, era daqueles que preferia accao. Durante a viagem de jeep ate Santa Rosa, nem uma palavra, nem aquele tipo de conversa que os guias costumam fazer quando ainda nao tem nada para dizer, como apresentar as pessoas e perguntar de onde sao. Ele nao tinha paciencia para esse tipo de merdas. Era simpatico, mas de uma simpatia bruta. Gostava de gozar com os "turistas", como nos chamam ali. Quando lhe perguntam se e seguro mergulhar para nadar com os golfinhos cor de rosa, responde que sim, que os jacares nao costumam nadar nas mesmas aguas que os golfinhos, mas que ha uma primeira vez para tudo.
Estava ali para nos guiar de barco, para nos mostrar animais e para nos falar deles. E o seu trabalho. Da lhe gozo apanhar cobras e jacares e trata os como se de um filho se tratasse. Alias, naquela comunidade de 30 e tal pessoas que partilham as aguas do rio Yucuma, entre guias, cozinheiros e donos de bares, o maior e aquele que apanha os maiores jacares, as maiores anacondas, que conseguiu ver as coisas mais impressionantes. Nao e o melhor aluno, nem o gajo que bebe mais rapido, nem o que saca mais miudas, nem o que tem o melhor emprego, nem o que viaja mais. E foi a apanhar um jacare um bocado maior do que aquele que apanhou connosco que quase ficava sem o braco direito. Estava com sete turistas no barco. A esvair se em sangue, e com o braco pendurado, guiou com o braco esquerdo ate Santa Rosa, como se nada fosse.

Era do genero machao. Do tipo de gajo que nao pede desculpa. Que fica demasiado chateado quando faz asneira. Quando se atrasou meia hora na manha em que fomos ver o amanhecer chegou com cara de poucos amigos, via se que estava irritado com ele proprio, mas teve demasiado orgulho para falar disso e fingiu que nada se passou.

Mas houve uma noite em que nos mostrou o seu outro lado. Sentamo nos a mesma mesa depois do jantar e bebemos cervejas juntos. Falou nos da sua vida. De como aos 15 anos foi para La PAz para jogar futebol, de como se perdeu como muitos entre copos e saidas a noite. De como se casou e teve duas filhas, a primeira aos 20 anos e como depois se viria a separar da mulher. Falou, com um sorriso verdadeiro, dos bons momentos que passou com os filhos e dos que ainda passa quando consegue estar com eles. E com um orgulho verdadeiro, disse nos que eram dos melhores alunos do curso que so podem frequentar porque ele anda ali, dia apos dia, a guiar turistas como nos. Riu se que nem um perdido quando se lembrou da vez em que, farto de uns Israelistas que nao compreendiam que para ver tudo aquilo que fiz no panfleto da agencia dependem da natureza e da sorte, os deixou na margem do rio, longe do acampamento e seguiu o seu caminho. Gosto de pessoas assim. Que se sentem. Que nao toleram tudo. Que se respeitam.

Na viagem de volta, perguntei lhe se lhe apetecia comecar logo a fazer outro tour ou se lhe preferiaa descansar uns dias em Rurre. Disse me que preferia comecar outro tour, que gosta do que faz. E pareceu me honesto. Ali sente se em casa. Foi ele que escolheu esta vida. Rurrenabaque e as pampas nao e tudo o que ele conhece. Ja viveu, estudou e trabalhou em La Paz, mas simplesmente prefere aquela vida.

As vezes faz me pena ver que ha pessoas que levam a vida que levam porque e assim, porque tem de ser. Ou nao conhecem mais nada, ou estao demasiado agarrados ao convencional.

Sinto me um priveligiado. Sou eu que vou escolher a minha vida. Posso ate acabar numa consultora a matar me a trabalhar durante 3 anos, mas se por acaso o fizer e for aceite, claro, terei a tranquiliade e a paz de olhar para tras e sentir que fui eu que o escolhi. Nao quero ser escolhido. Nao quero que seja o destino a decidir por mim. E bom ver outras vidas. Pessoas que seguem outros caminhos.
Quando for a altura de escolher o meu caminho terei mais opcoes. Alargo os meus horizontes. Desformato a minha mente. Nao faco o que faco porque sim. Vou poder pesar tudo numa balanca e depois disso seguir aquilo que acho que me vai fazer mais feliz. Ate me posso enganar, mas pelo menos nao sera tanto por falta de informacao.

E vendo a vida dos outros, vou vendo tambem o que e mais importante na minha. E bom viajar. Estamos vivos. Vemos com olhos de ver.

Que sorte, tenho mais 15 dias de viagem pela frente!

domingo, 2 de setembro de 2007

Rurrenabaque

Rurrenabaque deu me um gozo especial. Por duas razoes: em primeiro lugar porque e dificilimo chegar ca, e em segundo lugar porque teve um sabor a descoberta. Antes de chegar a este continente nunca tinha falado com ninguem que ca tivesse vindo. Descobri este lugar atraves do Lonely Planet mas, em verdade, nao e assim uma grande descoberta porque o Parque Nacional Madidi e um dos highlights da America do Sul. Pesquisei fotografias na internet e a informacao que se encontra desde Portugal nao e muita. Ao contrario da maioria dos destinos em que as vezes quase conseguimos fazer uma visita virtual, sobre Rurrenabaque pouco se encontra. Falei com os demais e a ideia ficou em stand by, ficamos de nos informar quando chegassemos a Bolivia, e foi o que fizemos e uma oportunidade boa surgiu e, felizmente, todos concordamos em ir o que as vezes nao acontece e nesse caso nao teriamos chegado a saber o que tinhamos perdido.
Como disse, nao e facil chegar a Rurrenabaque, vila a que decidiram chamar cidade onde as motas enchem as ruas com uma media de tres passageiros por media. Chegamos a ver uma familia de cinco pessoas na mesma mota, foi mais uma daquelas que ficou por tirar e que ficam na minha memoria.
Das duas uma, ou se apanha uma avioneta, a que decidiram chamar aviao, onde cabem apenas 18 pessoas, demora 45 minutos e que descola desde La Paz para depois comecar a descer rumo a Rurrenabaque sobrevoando os andes e a selva para finalmente aterrar numa pista de relva ou se apanha o autocarro que representa a viagem mais perigosa da Bolivia, 18 horas de sofrimento em estradas de terra e pedras com ravinas a espreitar a cada curva. Alem disto, so saem 3 voos diarios que em 30% das vezes sao cancelados porque de cada vez que chove e a relva se molha, perdem se as condicoes para aterrar em seguranca neste Aeroporto de um so edificio.
Aterrar em Rurrenabaque e como ser transportado para o cenario de um filme do Vietname, ou de uma novela brasileira com fazendas em que a riqueza se conta em cabecas de vaca ou ainda de um qualquer pais da africa que ainda nao conheci.

As duas atraccoes principais sao o pampas tour e o jungle tour, que foram confundidos, se nao estou em erro, com a pampa e selva argentina num dos comentarios. Nestas bandas, quando falam da pampas tour, tentam falar daquilo que os meus olhos viram e vos tentei mostrar da maneira possivel nas fotografias dos posts anteriores. Para nos tugas, aquilo ja e selva que chegue e, mais uma vez, sao precisas 3 horas num jeep muito desconfortavel para chegar a vila de Santa Rosa, onde se apanham os barcos que tipicamente pairam sobre o Yacuma.
Sao tres dias num campsite fabuloso, com camaratas para os mais poupados e cabanas duplas para os mais romanticos, com um spot de redes onde descobri as mil e uma posicoes de conforto duma rede e uma cozinha de onde saem autenticos manjares dos deuses. Foram os tres dias em que comemos melhor, a todas as refeicoes do dia.
Chega se a todo lado atraves do rio Yacuma, que me fez lembrar as imagens dos rios do pantanal brasileiro. Nas margens, animais de varias especies coabitam em harmonia: jacares, crocodilos, aves de varias especies, capivaras e macacos. Sao tres horas ate se chegar ao campsite onde um lanche agradavel e a surpresa do cenario nos espera.
Depois ha varias actividades: escutar o amanhecer da natureza e o ruido dos insectos e o cantar dos passaros e ver o nascer do sol, pescar piranhas e ir durante cinco horas procurar cobras e anacondas de botas ate meio da canela em riste para depois nos afundarmos ate ao joelho nos terranos pantanosas onde a natureza mandou que as cobras vivessem. Apanhamos duas e peguei nas duas, algo que nunca pensei fazer. Essa e uma das coisas boas quando estou a viajar, arrisco me a coisas a que normalmente nao me arriscaria. Quando o Domingos, o guia sobre o qual provavelmente mais tarde irei falar, se decidiu a noite a apanhar um jacare pequeno para o vermos de perto, jamais adivinharia que eu lhe pegaria. Um misto de panico e de excitacao que a pouco e pouco vai desaparecendo e dando lugar a mais tranquilidade, tanto do meu lado como do animal.

E assim se passam os dias em rurrenabaque, a descansar e a comer bem, a ver a natureza e a aprender o que ha para aprender com ela. A opcao que deixamos para tras, o jungle tour, consiste em ir para o parque nacional madidi, atraves do rio Beni. Neste, entramos ja na selva amazonica e a vegetacao e muito mais densa, assim como os mosquitos. Quando so se tem tres dias consegue ver se menos animais, mas quando se tem muitos encontra se os mesmos que em Yacuma e outros, como jaguares por exemplo. Para escolher basicamente fomos falando com pessoas que ja tinham feito os dois tours e a opiniao era unanime: para quem so tinha 4 dias para gastar, mais valia conhecer o Yacuma e deixar o madidi para uma proxima vez.

Se vos disser que tudo isto, voos e tour com 3 dias de alojamento, transporte e alimentacao incluida, custou 150 dolares, e se virem as fotografias abaixo, espero ter dito o suficiente para vos ter convencido a vir aqui quando estiverem pela Bolivia.

Se nao, voces e que perdem.

A Mariana faz hoje anos e para comemorar fomos ao melhor restaurante de Rurrenabaque jantar e beber copos. DEpois ainda demos uns passos de danca no club mais local onde ja estive, onde eramos os unicos turistas. Enganaram se a marcar o nosso voo pelo que so vamos embora amanha, dia 3. Ate la, vamos aproveitar o clima de VErao que ca se sente, numa piscina com vistaca para a cidade e aproveitar o dia em que a Mariana faz 22 anos para descansar.
De La Paz, apanhamos o autacarro para Potosi