segunda-feira, 17 de setembro de 2007

The End

Estao a ver este video?

Para a maioria das pessoas isto sera apenas mais um golaço.

Para mim nao.

Carreguem no play mas antes ponham as colunas no maximo, sff.

Vejam como ao segundo 2 do video o defesa do Lanus pontapeia a bola que depois haveria de cair nas maos erradas. Para tudo. Decorem este momento.
Voltemos atras.

Nao podia arriscar uma passagem stressante pelo aeroporto de Buenos Aires. Era inevitavel sair mais cedo do jogo do River. 15 minutos mais cedo porque, de outra forma, as portas fechavam e assim o permaneceriam ate 40 minutos depois do apito final, por motivos de segurança. Era ver o jogo todo ou apanhar o avião. As cartas estavam na mesa.

Voltem ao video. Estao a ver o minuto de jogo? 31 e qualquer coisa, da segunda parte.

Vejam o segundo 2. Foi nesse pontapé tosco que eu fiz o que era inevitavel. Virei costas ao jogo e segui rumo ao tunel de saida.

Exactamente 10 segundos e alguns degraus depois, enquanto saia sorridente da minha ultima cena pela america do sul, aquele grito colectivo, por ser tao repentino e cortante, fez me perceber que estava perante um grande golo, do River, claro.

Ainda voltei atras, numa reaccao estupida porque ja era tarde demais, o golo ja nao volta atras, mas ainda gozei o ambiente que se vivia.

Pode parecer irritante perder um golo assim por tao pouco (o que vos acabei de contar e rigorosamente verdade, sem tirar nem por), mas a mim soube me como poucos.

De tudo aquilo que vou deixar de viver depois daquele selo de saida com sabor a soco no estomago,este golo e provavelmente a unica coisa que me dara o privilegio de saber rigorosamente aquilo que perdi.

(E nem o perdi porque apesar de nao ter visto a bola entrar nas redes levada pelo embalo do Fernando Belluci, ouvi-o como mais ninguem o ouviu nem nunca ouvira, atraves do ecoar do grito que invadiu de uma so assentada aquele tunel que nao fosse eu e estaria vazio).

Mas como dizia, nao foi irritante. Na minha cabeca, ja cansada (e quando assim e ela devaneia um pouco mais) os cerca de quarenta mil adeptos que festejaram, na verdade faziam no comigo, assistiram em directo ao fim destas cinco semanas e celebraram no comigo aquele derradeiro momento, digamos que ajudados pelo passe de Santi, o chileno, e do "toma la disto" do Belluci.

Volto a portugal sem dinheiro mas com um saco de roupa suja e outro de historias para contar. Volto com memorias, umas boas outras melhores, e mais agarrado a vida, talvez por ter sentido a morte e por ter visto outras vistas, e outras vidas.
Volto com vontade de mais, mas mais importante do que tudo, volto motivado para a vida que me espera em Portugal e com as memorias que felizmente terei a sorte de poder partilhar com a Mariana, a Matilde e o Pinto. (E com a Joana, a Rita e os outros portugueses nos ultimos dias!)

Porque, como dizia o mestre na primeira pagina de um dos tres livros seus que comprei (em espanhol, para melhora lo):

"La vida no es la que uno vivio, sino la que uno recuerda y como recuerda para contar la"

Este blog fica aqui, a deriva neste mundo para sempre. A nao ser que o google se lembre de comecar a cobrar rendas.

Até

domingo, 16 de setembro de 2007

Os ultimos dias

Pedalar naquela bicicleta cor de laranja foi das ultimas coisas que fiz em Buenos Aires, que nessa manha tinha as ruas praticamente vazias, nao fosse ser Domingo e estar de chuva.
Fui a esquadra tratar de assuntos pendentes e depois de volta para o Hostel para chegar a tempo do autocarro para o jogo do River.

Nos dias anteriores, mais voltas pela cidade, compras, mais boa comida e vida nocturna e ainda tempo para ver uma exposicao que tinha perdido em Portugal: Bodies. Por metado do preco.
Como me tinham dito, vale muito a pena. Mas mais que tudo, saltou me a ideia de como somos un animal estranho: que raio de animal se fecha numa sala com alguns demais a olhar se por dentro e ver a maneira como o sistema nervoso central avisa o cerebreo que o nosso dedo esta a tocar no teclado. Ou quantos musculos mexemos quando piscamos o olho. Ou que temos 96 mil quilometros de vasos sanguineos. Enfim, uma grande quantidade de curiosidades que no fundo mostram que conhecemos o nosso corpo. Sabemos como funciona esta maquina.
Felizmente, espero e acredito, o resto - a alma, a inteligencia, os sentimentos - nunca dominaremos por completo - ate por que caso contrario isto nao tinha piada nenhuma.

Passei assim os ultimos seis dias na viagem: uma vida mais cosmopolita, mais diversao, mais saidas a noite e menos do resto de que ja tenho tantas saudades porque isso e impossivel encontrar em Portugal e entraram no meu imaginario muitos lugares e pessoas. Mesmo aqueles lugares por onde so passei, como La Serena, em que estive menos de cinco minutos e que observei desde o outro lado da janela do autocarro. Mesmo com esses lugares, tenho uma historia, entraram de alguma maneira no meu imaginario.

Vou me despedir deste blog, mas antes, vou contar vos a historia de como se passou o fim, no proximo e ultimo post. ate ja

sábado, 15 de setembro de 2007

Um pouco de Gastronomia

Ver aquele jovem passar vestido de fato de treino azul amarelo de boca juniores voltar do treino, de futebol naturalmente, a medida que atravessa uma das passadeiras enquanto ouvia o seu ipod, fez me saber que tinha chegado ao fim uma das tres melhores refeicoes da minha vida.



Ha queles jantares bons. Os que valem a pena pela qualidade / preco. Ha as tascas e ha os restaurantes fantasticos. E depois de todas estas coisas boas esperam nos ainda, se deus quiser, os que nos transcendem. Foi o caso do restaurante La Cabrera, en la Calle Cabrera, 5099, mais uma vez em Buenos Aires, ARgentina. (viria a comprovar que nao era por acaso que mo tinham recomendado com o melhor negocio da cidade)



Quando o taxi nos deixa na esquina, logo nos apercebemos que a espera nao vai ser curta. Mas e impossivel adivinhar que ela, a espera, vai ser tao boa quanto demorada.



Para nos entreter, e para garantir que nos hao de fazer pagar a conta que afinal nao e assim tao dolorosa, servem nos queijos , enchidos, cava e vinho tinto, ali mesmo , no meio da rua. Gratis, um mero aliciante. Comeca a festa. Aquilo que poderia ser uma seca, torna se um regalo. Um prazer. Tambem uma garantia de que vamos ficar e ajudar a completar a rodagem de pelo menos tres mesas que fazem por noite. Conhecmos os vizinhos, na maioria argentinos.



Ai conheci o Castor (como o animal). Um homem vestido de branco e verde que afinal e o dono daquele imperio, ou daquele futuro imperio. Quando honestamente impressionado com aquela fila de espera lhe pergunto "se o dono estava em casa a contar as notas?", ele me responde que "o dono lhe esta ali a servir lhe champanhe", comeco a sentir os primeiros passos desta fabulosa epopeia gastromica



LA dentro, esperam nos ainda outras entradas, outros vinhos, e depois, outras espantosas carnes e outras (sem exagero) cinquenta tijelinhas de acompanhamentos (de cogumelhos, pure de batata e de maca, pimentos, salada, batatas no forno, courjettes, alhos e outras mil iguarias),


E cada uma era melhor do que a outra.



Depois vieram as sobremesas. Alias, A sobremesa (tambem esta oferecida pelo Castor , oferta esta representada por uma ficha que, tristemente, poderia ter sido antes jogada numa qualquer mesa de jogo de um casino) - um sortido : cheesecake , bolo de chocolate e cafe, queque de doce de leite, coco , gelados e outros ingereientes ducissimos, que , definivamente nos encheriam a todos (e ai nem parecia que logo nas entradas estavamos prontos para fugir sem pagar e meter mo nos na cama a dormir refastelados).



Ha que distinguir ainda o que torna tudo isto distinto. O que o faz transcender. Chama se Carlos e representa o servico em pessoa. Fala nos, calmamente, de cada prato. De como e confeccionado. Fa lo debaixo dos seus velhos oculos e desde as rugas da sua idade. Fa lo com calma e com uma elegancia que nunca encontrei em nenhum dos restaurantes bons e menos bons a que ja fui. Ele era o chefe de sala .Em pessoa. Um mestre do servir. Logo antes de comecarmos nos advertiru: "Aqui, e melhor que nao se encham de pao, e que nos tratamos de vos encher a mesa!"

No fim, de certa forma foi com a minha cara, deu me a provar uma especia de aguardente local, que bebi de golada e , nao satisfeito, impingiume um limoncello. Mas impingiu mo de graca. Por boa vontade. Pel ogosto que eles tem no bom servir. Mesmo a nos, maltrapilhos viajantes.



O fim, por si so, ja era inesquecivelmente unico mas alem disso, veio a conta: 46 pesos argetinos a cada. Cerca de 10 euros e meio por algo que na verdade e ainda mais do que priceless.



A minha segunda refeicao transcendete. A outra foi, nao querento fazer publicidade, o 100 maneiras na baia de cascais. (E quem me conhece sabe como gosto de comer). Mas dessa vez foi o meu pai que pagou. E deve ter doido.



Mas desta vez fui eu . E nao so nao doeu como me soube me a mel entregar cada uma das notas que prefizeram o injusto total.

Venham a Buenos Aires nem que seja para ir ao La Cabrera. Nao acreditem em mim. Provem no com os vossos propios olhos. FEitas as contas, ha de valer e pena este que foi, agora sem duvidas, o melhor restaurante a que ja fui.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

vocacoes

Ele diz palavroes e insulta os que se lhe atravessam. E taxita ha mais de quarenta anos. Tem sessenta e sete anos e uma filha com um ano e sete meses, tem tambem uma mulher de trinta e dois.
Conhece todas as esquinas da cidade. Cada rua e cada numero. Sabe-o porque, desde que comecou nesta vida, se esforcou por decorar e por entender o nome de todas a ruas e de todas as avenidas por que passava. Sabe todos os cruzamentos. Nao se perde na cidade. Domina-a e fa-lo com mestria. E mesmo verdade que sabe o nome de cada rua. Sabe levar nos a cada cruzamento. Nao e como os modernos, que usam o GPS para se encontrar.
Sabe lo "todo" pela vista e pelo cheiro.

Sempre que faz uma viagem, que acompanha mais um ou um par de estranhos, vai lhes contado historias e estorias, das ruas e das esquinas que se afastam com o avancar dos pesos no taximetro. Na verdade, andar com ele e um tour. Pela historia do mapa e da vida da cidade.

Parte deste homem existe, outra, e puramente fruto da minha imaginacao.

Quantos maus engenheiros, maus gestores, maus politicos, maus advodagos ou maus politicos, se ganharam. Quantos bons taxistas se perderam.

E, (duvido), sera que existe algo melhor do que ser se bom, naquilo que se faz?

Tango - Whos the winner?



















Buenos Aires


Endless

La Boca

9 de julio by night

Valparaiso



(Gosto de barcos!)



All the colours of the world?


Valparaiso


Sounds like Lisbon?


Arte urbana

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Cite Tango

Passei quase toda a minha viagem a ouvir Gotan Project. So parei quando, ao carregar as baterias ao meu Ipod, todas as musicas se apagaram enquanto me traiam mais do que nunca.
De cada vez que o fazia (de cada vez que ouvia cada musica de Gotan Project), lembrava me do inesquecivel concerto no Palacio do Marques de Pombal. em Oeiras, com voces (voces sabem quem sao), e imaginava a cidade de Buenos Aires, Argentina.

Ja nao estou Rumo a Buenos Aires. Estou ca! A menos de vinte metros da mais larga avenida do mundo, a Av. 9 de Julho. Estou num Hostel, ja bebi uns copos, e depois deles senti a necessidade de nao deixar escapar estas primeiras impressoes.(Mas ainda vem ai uma noite que promete nao acabar tao cedo).

Com um bocado de imaginacao, senti o abanar da Bombonera em cada golo e os dias de festa e de celebracao do Caminocito, embora eles estivessem vazios.

Com um bocado mais ainda, senti a Evita Peron e o seu marido, e senti todos os argentinos que, de sempre que e preciso, se juntam na Plaza de Mayo para contestar. Para mostrar que estao la. E que vigiam, e que sentem.

Senti ainda, desta vez mais em realidade do que na imaginacao, a seducao e a sensualidade do Tango. Os angulos de saias apertados, acompanhados de carne e de vinho.
O ritmo. Buenos Aires, Argentina.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Snapshots de Santiago

Nao me posso apanhar com portugueses. Que da nisto. Vodkas e macas, laranjas, limoes, na verdade, qualquer fruta serve. Descobrir o caminho para casa as nove da manha e descobrir tambem que afinal nao fui o unico. Naquelas noites em que cada um chega a sua hora. Sem pressas. Acordo e ha que arrumar a mala. E a ultima vez que o faco, e vou ter saudades. De pensar: O que levar e onde. Essa estrategia tao matinal quanto apressada. O autocarro ou o aviao por apanhar. Olhar para tras, ja com saudade, e despedir nos com o tempo que nos resta.



O tempo passa a correr. Ja correu o suficiente para que o saiba.



"pasa me la botella" lembro me da musica da noite passada. Garrafas a voar.



E continua a correr. E eu, vou voar, para Buenos Aires dentro de duras, duas, horas.

Aterro e meto me na Bombonera para ver o Boca desfilar.

Saio com inveja desta trupe de Santiago. Inveja de mim proprio em Barcelona.



Com vontade de voltar a Portugal mas sem vontade de sair deste mundo.



De viver. E para isso que ca andamos.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Contrastes

Nos ultimos quatro dias afastamo nos mais do que nunca da linha equatorial, em direccao ao sul. Potosi e Santiago estao separados por varios milhares de quilometros. Ora de Jeep, ora de autocarro, galgamos terreno e chegamos a este outro mundo que e o Chile.
No salar de Uyuni fizemos o tour com um alemao de 26 anos que estuda ha seis meses em Bogoto, na Colombia, e com um Israelita de 23 anos, nascido e criado em Telavive. Com ambos passamos bons momentos e com ambos partilhamos inesqueciveis vistas: do "endless" branco do salar, passando pelo encarnado, azul e verde das lagoas e pelo frio invernal da manha nos geysers, ate ao banho quente e reconfortante nas aguas calientes, vimos de tudo um pouco. Partilhamos tambem noites de cartas e certamente irei importar para Portugal o "Yaniv", jogo que o Amit pacientemente nos ensinou.
Mais uma vez nos vemos deparados com vidas diferentes. Amit, o israelita de 23 anos, ri se das mesmas piadas que nos, concorda com as mesmas ideias, e ao passear pelo seu leitor de mp3 constatei que tambem ouve da mesma musica. Apesar das semelhancas, uma realidade inevitavel separa nos: ele passou os ultimos quatro anos no exercito e combateu durante um ano e meio na guerra contra o Libano, onde comandou mais de cem homens. Nao gosta de violencia e muito menos de guerra. Nao teve na sua vida sofrimento maior do que aquele em que a vida lhe levou um dos cem homens. Viaja, para desanuviar a mente, durante seis meses, e tem planos para o futuro: vai estudar gestao e ja chega de armas. Quanto à guerra, foi a vida. De cada vez que se diz "e a vida" a realidade empurra quem o diz para escolhas com pouca escolha. E é assim. É a vida.

Em Sao Pedro de Atacama tive ainda tempo para ajustar contas com o destino. Pude fazer sandboard e vingar me de Huacachina. Foi divertido, mas nao se compara a snowboard. E cansativo: temos de subir as dunas e encerar a prancha antes de cada descida e as descidas nao dao metade do gozo. Mas e diferente e tambem desafiante. Bom para experimentar.

No autocarro para Santiago, atravessamos o Chile e as suas paisagens tao distintas quanto impressionantes. Para tras, ficou um ciclo, uma viagem. A viagem pelo terceiro mundo, pelo caos, pela genuidade, pelos gritos a anunciar destinos, repetidos vezes sem conta nas paragens de autocarro. Das vistas, da selva, dos incas, das folhas e do cha de coca. Da vida barata e dos jantares fora sem olhar para a conta. A aventura, a novidade, o outro mundo. Vidas diferentes. Experiencias unicas. Tremores e replicas. Quantos amanheceres e quantos pores do sol.

No chile, nao so existem sinais de transito, como as pessoas os respeitam. Param nos cruzamentos. Ha hipermercados e centros comerciais. Ha Macdonalds em varias esquinas. Pelo que pude ver, nao e por acaso que o dizem: e o pais mais europeu da america do sul. Os carros sao modernos e tem leitores de mp3. Ha mais carros normais do que taxis. Na fronteira, nao so nos revistam as malas de uma ponta a outra, como nos fazem desinfectar os sapatos. Os precos sobem e a temperatura desce.

Estou neste momento num decimo segundo andar dum predio com seguranca e porteiro em Santiago, no meio de portugueses que ca estudam. Numa casa de sonho. A minha volta, uma vista deslumbrante para os cerros e para os "arranha ceus" santiaguenos. Vou ter a oportunidade de conhecer a vida desta colonia portuguesa no chile. Vem ai noites de fiesta, de copos e de diversao. Vem ai cidades cosmopolitas. Vem ai a carne argetina, o tango, se calhar um jogo do Boca Juniores.

Sabe bem olhar para tras e olhando para a frente e impossivel nao querer aproveitar ao maximo o que ainda nos resta.

As vistas dos ultimos dias


















Previously unreleased



Sao so 40% venenosas

Crescendo



Algures num lugar perdido entre Potosi e Uyuni

quarta-feira, 5 de setembro de 2007


Bom presente de 22 anos, vista para Rurrenabaque e o sol a por se de lado
De menina (...)



(...) a mineira


Senti me estupido depois de me ver assim "mascarado" de mineiro para ir ver as suas vidas desgracadas.


Harder to breath

"We make sacrifices to the Devil, so he will not take our lives instead" , Mario Bravo, 1994
A refinaria
Os 3 alemaes que fizeram a visita connosco revelaram se uns idiotas. Estavam ali com a sua camerazinha Casio a filmar as suas peripecias sem o minimo respeito pelo que os rodeava, e queriam apenas fazer as coisas mais arriscadas, ir mais longe, brincar aos mineiros por um dia. Ver quem era o mais corajoso, rebentar dinamites la dentro, enfim.
Ao fim do nivel 1 desenrolou se o seguinte dialogo entre o Alemao Idiota numero 1 e o guia:
Pedro (Guia) (P): "Lets go outside so we can have time to see the refinary, ok guys?"
Alemao idiota nr 1 (AI): " But arent we going deeper?"
P: " No, we dont have that much time, but you`ve seen enough. After this is more or less the same, but more tight and the air is not that fresh anymore"
AI: "But our friends went deeper.."
(momento de silecio...)
AI: "Its no fun if we`re not going deeper"
Ai o guia cedeu a pressao e eu, demasiado irritado com a palavra "fun" no meio daquele cenario, nao aguentei:
"Do you wanna know whos the bravest one guys? Why dont you light the dinamite up your ass and see whos the last one to take it out?"
Nem eles nem o nao-espirito de grupo se foram pelos ares. Eram tao estupidos que provavelmente acharam piada a ideia.

O panico, como ele e


terça-feira, 4 de setembro de 2007

Minas de Potosi

"A visit to the cooperative mines is demanding, shocking and memorable". By Lonely Planet

Ainda nao sei o que dizer desta frase. Ir a estas minas e o comprovar da teimosia humana, do querer a forca ver com os proprios olhos. Ja sabia que eram impressionantes as condicoes em que aquela gente trabalha todos os dias, ja sabia que ia ter de rastejar em zonas estreitas, ja sabia que me ia custar a respirar. Mas mesmo assim fui. Como ja sabia, e vim a comprovar, nao e uma visita agradavel e quando cheguei ao nivel 3 jurei para nunca mais e desejei nunca ter entrado. Seis pasadas de terra para dentro do carrinho chegam para se ficar cansado e quando o suor nos comeca a escorrer pela cara o desconforto aumenta porque nao ha como limpa lo sem o misturarmos com terra e po.
Enfim, mais uma vez, nao nos chega ouvir o que nos contam. Nao aprendi nada de novo dentro daquelas minas, apenas o testemunhei com os meus olhos e com a minha respiracao mais ofegante. Era necessario? Nao sei. Provavelmente quando um de voces estiver em Potosi ha de ir as minas e, provavelmente, ha de pensar que nao valia a pena terem entrado, que podiam ter confiado no que ja vos tinham dito.
Nao o facam se forem claustrofobicos. Eu nao sou nada mesmo mas quando ja estava enfiado muito la para dentro comecei a pensar de demais, o que ali tao confinado e tao dentro da terra nao e a melhor ideia.
Mesmo indo apenas ao nivel 1 vale a pena fazer a visita, ate porque nao e muito caro.
Acho incrivel que ainda trabalhem pessoas naquele mundo, onde nunca e dia nem nunca e noite, mas fazem no por opcao, ao menos nao sao obrigados.

Ver a agua escorrer me castanha pelo corpo durante o duche e saber que aquela e a ultima vez que tenho de limpar aquela sujidade de mineiro e um alivio enorme.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Felizmente nao choveu e conseguimos chegar a La Paz, ainda com tempo suficiente para dar umas voltas pela cidade e visitarmos melhor o mercado negro e o mercado das bruxas antes de apanharmos o autacarro para Potosi.
Depois de Potosi e de Sucre, vamos passar tres dias no salar de Uyuni e de Sao Pedro de Atacama passamos directamente para Santiago, onde vamos visitar a xampas que la anda a fazer erasmus e onde espero ainda ter tempo para ver Valparaiso.
Depois sao 4 dias em Buenos Aires and its over !

Ainda faltam 15 dias de viagem mas tenho alguma pena de ja conseguir ver o fundo do tunel.

Tenho saudades do Domingos, o nosso guia em Rurrenabaque. Ele nem era um gajo de muitas palavras, era daqueles que preferia accao. Durante a viagem de jeep ate Santa Rosa, nem uma palavra, nem aquele tipo de conversa que os guias costumam fazer quando ainda nao tem nada para dizer, como apresentar as pessoas e perguntar de onde sao. Ele nao tinha paciencia para esse tipo de merdas. Era simpatico, mas de uma simpatia bruta. Gostava de gozar com os "turistas", como nos chamam ali. Quando lhe perguntam se e seguro mergulhar para nadar com os golfinhos cor de rosa, responde que sim, que os jacares nao costumam nadar nas mesmas aguas que os golfinhos, mas que ha uma primeira vez para tudo.
Estava ali para nos guiar de barco, para nos mostrar animais e para nos falar deles. E o seu trabalho. Da lhe gozo apanhar cobras e jacares e trata os como se de um filho se tratasse. Alias, naquela comunidade de 30 e tal pessoas que partilham as aguas do rio Yucuma, entre guias, cozinheiros e donos de bares, o maior e aquele que apanha os maiores jacares, as maiores anacondas, que conseguiu ver as coisas mais impressionantes. Nao e o melhor aluno, nem o gajo que bebe mais rapido, nem o que saca mais miudas, nem o que tem o melhor emprego, nem o que viaja mais. E foi a apanhar um jacare um bocado maior do que aquele que apanhou connosco que quase ficava sem o braco direito. Estava com sete turistas no barco. A esvair se em sangue, e com o braco pendurado, guiou com o braco esquerdo ate Santa Rosa, como se nada fosse.

Era do genero machao. Do tipo de gajo que nao pede desculpa. Que fica demasiado chateado quando faz asneira. Quando se atrasou meia hora na manha em que fomos ver o amanhecer chegou com cara de poucos amigos, via se que estava irritado com ele proprio, mas teve demasiado orgulho para falar disso e fingiu que nada se passou.

Mas houve uma noite em que nos mostrou o seu outro lado. Sentamo nos a mesma mesa depois do jantar e bebemos cervejas juntos. Falou nos da sua vida. De como aos 15 anos foi para La PAz para jogar futebol, de como se perdeu como muitos entre copos e saidas a noite. De como se casou e teve duas filhas, a primeira aos 20 anos e como depois se viria a separar da mulher. Falou, com um sorriso verdadeiro, dos bons momentos que passou com os filhos e dos que ainda passa quando consegue estar com eles. E com um orgulho verdadeiro, disse nos que eram dos melhores alunos do curso que so podem frequentar porque ele anda ali, dia apos dia, a guiar turistas como nos. Riu se que nem um perdido quando se lembrou da vez em que, farto de uns Israelistas que nao compreendiam que para ver tudo aquilo que fiz no panfleto da agencia dependem da natureza e da sorte, os deixou na margem do rio, longe do acampamento e seguiu o seu caminho. Gosto de pessoas assim. Que se sentem. Que nao toleram tudo. Que se respeitam.

Na viagem de volta, perguntei lhe se lhe apetecia comecar logo a fazer outro tour ou se lhe preferiaa descansar uns dias em Rurre. Disse me que preferia comecar outro tour, que gosta do que faz. E pareceu me honesto. Ali sente se em casa. Foi ele que escolheu esta vida. Rurrenabaque e as pampas nao e tudo o que ele conhece. Ja viveu, estudou e trabalhou em La Paz, mas simplesmente prefere aquela vida.

As vezes faz me pena ver que ha pessoas que levam a vida que levam porque e assim, porque tem de ser. Ou nao conhecem mais nada, ou estao demasiado agarrados ao convencional.

Sinto me um priveligiado. Sou eu que vou escolher a minha vida. Posso ate acabar numa consultora a matar me a trabalhar durante 3 anos, mas se por acaso o fizer e for aceite, claro, terei a tranquiliade e a paz de olhar para tras e sentir que fui eu que o escolhi. Nao quero ser escolhido. Nao quero que seja o destino a decidir por mim. E bom ver outras vidas. Pessoas que seguem outros caminhos.
Quando for a altura de escolher o meu caminho terei mais opcoes. Alargo os meus horizontes. Desformato a minha mente. Nao faco o que faco porque sim. Vou poder pesar tudo numa balanca e depois disso seguir aquilo que acho que me vai fazer mais feliz. Ate me posso enganar, mas pelo menos nao sera tanto por falta de informacao.

E vendo a vida dos outros, vou vendo tambem o que e mais importante na minha. E bom viajar. Estamos vivos. Vemos com olhos de ver.

Que sorte, tenho mais 15 dias de viagem pela frente!

domingo, 2 de setembro de 2007

Rurrenabaque

Rurrenabaque deu me um gozo especial. Por duas razoes: em primeiro lugar porque e dificilimo chegar ca, e em segundo lugar porque teve um sabor a descoberta. Antes de chegar a este continente nunca tinha falado com ninguem que ca tivesse vindo. Descobri este lugar atraves do Lonely Planet mas, em verdade, nao e assim uma grande descoberta porque o Parque Nacional Madidi e um dos highlights da America do Sul. Pesquisei fotografias na internet e a informacao que se encontra desde Portugal nao e muita. Ao contrario da maioria dos destinos em que as vezes quase conseguimos fazer uma visita virtual, sobre Rurrenabaque pouco se encontra. Falei com os demais e a ideia ficou em stand by, ficamos de nos informar quando chegassemos a Bolivia, e foi o que fizemos e uma oportunidade boa surgiu e, felizmente, todos concordamos em ir o que as vezes nao acontece e nesse caso nao teriamos chegado a saber o que tinhamos perdido.
Como disse, nao e facil chegar a Rurrenabaque, vila a que decidiram chamar cidade onde as motas enchem as ruas com uma media de tres passageiros por media. Chegamos a ver uma familia de cinco pessoas na mesma mota, foi mais uma daquelas que ficou por tirar e que ficam na minha memoria.
Das duas uma, ou se apanha uma avioneta, a que decidiram chamar aviao, onde cabem apenas 18 pessoas, demora 45 minutos e que descola desde La Paz para depois comecar a descer rumo a Rurrenabaque sobrevoando os andes e a selva para finalmente aterrar numa pista de relva ou se apanha o autocarro que representa a viagem mais perigosa da Bolivia, 18 horas de sofrimento em estradas de terra e pedras com ravinas a espreitar a cada curva. Alem disto, so saem 3 voos diarios que em 30% das vezes sao cancelados porque de cada vez que chove e a relva se molha, perdem se as condicoes para aterrar em seguranca neste Aeroporto de um so edificio.
Aterrar em Rurrenabaque e como ser transportado para o cenario de um filme do Vietname, ou de uma novela brasileira com fazendas em que a riqueza se conta em cabecas de vaca ou ainda de um qualquer pais da africa que ainda nao conheci.

As duas atraccoes principais sao o pampas tour e o jungle tour, que foram confundidos, se nao estou em erro, com a pampa e selva argentina num dos comentarios. Nestas bandas, quando falam da pampas tour, tentam falar daquilo que os meus olhos viram e vos tentei mostrar da maneira possivel nas fotografias dos posts anteriores. Para nos tugas, aquilo ja e selva que chegue e, mais uma vez, sao precisas 3 horas num jeep muito desconfortavel para chegar a vila de Santa Rosa, onde se apanham os barcos que tipicamente pairam sobre o Yacuma.
Sao tres dias num campsite fabuloso, com camaratas para os mais poupados e cabanas duplas para os mais romanticos, com um spot de redes onde descobri as mil e uma posicoes de conforto duma rede e uma cozinha de onde saem autenticos manjares dos deuses. Foram os tres dias em que comemos melhor, a todas as refeicoes do dia.
Chega se a todo lado atraves do rio Yacuma, que me fez lembrar as imagens dos rios do pantanal brasileiro. Nas margens, animais de varias especies coabitam em harmonia: jacares, crocodilos, aves de varias especies, capivaras e macacos. Sao tres horas ate se chegar ao campsite onde um lanche agradavel e a surpresa do cenario nos espera.
Depois ha varias actividades: escutar o amanhecer da natureza e o ruido dos insectos e o cantar dos passaros e ver o nascer do sol, pescar piranhas e ir durante cinco horas procurar cobras e anacondas de botas ate meio da canela em riste para depois nos afundarmos ate ao joelho nos terranos pantanosas onde a natureza mandou que as cobras vivessem. Apanhamos duas e peguei nas duas, algo que nunca pensei fazer. Essa e uma das coisas boas quando estou a viajar, arrisco me a coisas a que normalmente nao me arriscaria. Quando o Domingos, o guia sobre o qual provavelmente mais tarde irei falar, se decidiu a noite a apanhar um jacare pequeno para o vermos de perto, jamais adivinharia que eu lhe pegaria. Um misto de panico e de excitacao que a pouco e pouco vai desaparecendo e dando lugar a mais tranquilidade, tanto do meu lado como do animal.

E assim se passam os dias em rurrenabaque, a descansar e a comer bem, a ver a natureza e a aprender o que ha para aprender com ela. A opcao que deixamos para tras, o jungle tour, consiste em ir para o parque nacional madidi, atraves do rio Beni. Neste, entramos ja na selva amazonica e a vegetacao e muito mais densa, assim como os mosquitos. Quando so se tem tres dias consegue ver se menos animais, mas quando se tem muitos encontra se os mesmos que em Yacuma e outros, como jaguares por exemplo. Para escolher basicamente fomos falando com pessoas que ja tinham feito os dois tours e a opiniao era unanime: para quem so tinha 4 dias para gastar, mais valia conhecer o Yacuma e deixar o madidi para uma proxima vez.

Se vos disser que tudo isto, voos e tour com 3 dias de alojamento, transporte e alimentacao incluida, custou 150 dolares, e se virem as fotografias abaixo, espero ter dito o suficiente para vos ter convencido a vir aqui quando estiverem pela Bolivia.

Se nao, voces e que perdem.

A Mariana faz hoje anos e para comemorar fomos ao melhor restaurante de Rurrenabaque jantar e beber copos. DEpois ainda demos uns passos de danca no club mais local onde ja estive, onde eramos os unicos turistas. Enganaram se a marcar o nosso voo pelo que so vamos embora amanha, dia 3. Ate la, vamos aproveitar o clima de VErao que ca se sente, numa piscina com vistaca para a cidade e aproveitar o dia em que a Mariana faz 22 anos para descansar.
De La Paz, apanhamos o autacarro para Potosi

sábado, 1 de setembro de 2007

Sunset Bar, Rio Yucuma, Rurrenabaque


E so por esta, valeu a pena ter saido de casa

some chill out moments








Entregues a bicharada