segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Contrastes

Nos ultimos quatro dias afastamo nos mais do que nunca da linha equatorial, em direccao ao sul. Potosi e Santiago estao separados por varios milhares de quilometros. Ora de Jeep, ora de autocarro, galgamos terreno e chegamos a este outro mundo que e o Chile.
No salar de Uyuni fizemos o tour com um alemao de 26 anos que estuda ha seis meses em Bogoto, na Colombia, e com um Israelita de 23 anos, nascido e criado em Telavive. Com ambos passamos bons momentos e com ambos partilhamos inesqueciveis vistas: do "endless" branco do salar, passando pelo encarnado, azul e verde das lagoas e pelo frio invernal da manha nos geysers, ate ao banho quente e reconfortante nas aguas calientes, vimos de tudo um pouco. Partilhamos tambem noites de cartas e certamente irei importar para Portugal o "Yaniv", jogo que o Amit pacientemente nos ensinou.
Mais uma vez nos vemos deparados com vidas diferentes. Amit, o israelita de 23 anos, ri se das mesmas piadas que nos, concorda com as mesmas ideias, e ao passear pelo seu leitor de mp3 constatei que tambem ouve da mesma musica. Apesar das semelhancas, uma realidade inevitavel separa nos: ele passou os ultimos quatro anos no exercito e combateu durante um ano e meio na guerra contra o Libano, onde comandou mais de cem homens. Nao gosta de violencia e muito menos de guerra. Nao teve na sua vida sofrimento maior do que aquele em que a vida lhe levou um dos cem homens. Viaja, para desanuviar a mente, durante seis meses, e tem planos para o futuro: vai estudar gestao e ja chega de armas. Quanto à guerra, foi a vida. De cada vez que se diz "e a vida" a realidade empurra quem o diz para escolhas com pouca escolha. E é assim. É a vida.

Em Sao Pedro de Atacama tive ainda tempo para ajustar contas com o destino. Pude fazer sandboard e vingar me de Huacachina. Foi divertido, mas nao se compara a snowboard. E cansativo: temos de subir as dunas e encerar a prancha antes de cada descida e as descidas nao dao metade do gozo. Mas e diferente e tambem desafiante. Bom para experimentar.

No autocarro para Santiago, atravessamos o Chile e as suas paisagens tao distintas quanto impressionantes. Para tras, ficou um ciclo, uma viagem. A viagem pelo terceiro mundo, pelo caos, pela genuidade, pelos gritos a anunciar destinos, repetidos vezes sem conta nas paragens de autocarro. Das vistas, da selva, dos incas, das folhas e do cha de coca. Da vida barata e dos jantares fora sem olhar para a conta. A aventura, a novidade, o outro mundo. Vidas diferentes. Experiencias unicas. Tremores e replicas. Quantos amanheceres e quantos pores do sol.

No chile, nao so existem sinais de transito, como as pessoas os respeitam. Param nos cruzamentos. Ha hipermercados e centros comerciais. Ha Macdonalds em varias esquinas. Pelo que pude ver, nao e por acaso que o dizem: e o pais mais europeu da america do sul. Os carros sao modernos e tem leitores de mp3. Ha mais carros normais do que taxis. Na fronteira, nao so nos revistam as malas de uma ponta a outra, como nos fazem desinfectar os sapatos. Os precos sobem e a temperatura desce.

Estou neste momento num decimo segundo andar dum predio com seguranca e porteiro em Santiago, no meio de portugueses que ca estudam. Numa casa de sonho. A minha volta, uma vista deslumbrante para os cerros e para os "arranha ceus" santiaguenos. Vou ter a oportunidade de conhecer a vida desta colonia portuguesa no chile. Vem ai noites de fiesta, de copos e de diversao. Vem ai cidades cosmopolitas. Vem ai a carne argetina, o tango, se calhar um jogo do Boca Juniores.

Sabe bem olhar para tras e olhando para a frente e impossivel nao querer aproveitar ao maximo o que ainda nos resta.

2 comentários:

Unknown disse...

A tua escrita tem evoluido muito. parabens!roe-me de inveja dia sim dia nap por nao estar ai com voces. Um grande abraco!vemo-nos em LX, vou la dia 19-21 setembro.

cegah disse...

BE KIND TO YOUR KNEES!!!!!